Comprometido com o trabalho, parto para cumprir uma diligência. O objetivo era levar o oficial de justiça ao endereço de um réu contra quem conseguimos uma liminar. Primeiro problema: não há endereço. Apenas se sabe o nome do réu e a localidade que ele reside. E por “localidade” entenda-se como uma área enorme no meio do meio dos matos.
Então, precisei contratar um rapaz conhecedor da região e que teria ajudado nosso cliente na identificação dos réus. Logo, antes de apanhar o oficial, recolho o dito rapaz. Usemos nome fictício e chamemos o garoto de Tyson (Por que não? Já conheci nomes piores neste mundo embrenhado de meu deus).
Asseclas necessários apanhados. No carro, vem aquele papo de oficial de justiça (ô raça), enquanto que eu me coloco como o mais desentendido do mundo. Assim, desvio as indiretas do oficial, atribuindo culpa ao cliente, ao FMI, a minha condição de recém-formado... Que foi? Vão me criticar porque enrolei o cara que queria uma ponta para fazer aquilo pelo que ele já é pago? Temos mais é que desacostumar o mau-costume!
O oficial era até dos tranqüilos, devo admitir. Logo, desistiu das indiretas e ficou por isso mesmo. O que não era tranqüilo era o acesso. Eu sei que meu carro faz o gênero carro de família. Eu ambiciono tirar esta característica dele, mas o único meio seria tacar uma prancha de surf em cima, o que ainda não combina com esta minha cor de escritório e com o protuberante sinal de despreparo físico (barriga).
Mas o carro de família teve que se postar como um jipe. Estrada de piçarra, muito esburacada e com vários trechos alagados. Lama pra lá, lama pra lá, e a spacefox “deslizando” sobre o nada macio esburacado caminho. Donos de lava-jato vibram à distância...
Perdidos por um período, finalmente Tyson se localiza e diz para eu virar em uma estrada beirando uma cerca. “Que estrada?”, pergunto. Afinal, era possível ver a cerca e ao seu lado existia mato que só não era igual a toda a lateral da estrada, pois era um mato baixo. “Seu-dotô, maxu, tem uma estrada coberta aí, pode seguir que num dá erro não”, replicou Tyson.
Sentindo-me respaldado até perante a seguradora, coloquei o carro na hipotética estrada. Ufa, nenhum toco de árvore encoberto arrancou o eixo e nenhuma anaconda engoliu os pneus. Finalmente, localizamos o endereço. Claaaro que a pessoa não estava lá e nem lá mora. Apenas existia o morador. Fatos certificados pelo oficial, vamos embora. E, no ainda terrível caminho, eu só me perguntava: “Por que eu vim fazer isto no meu carro mesmo? Da próxima vez, peço um Troller. Melhor, quero um Hammer e uma roupa do boina-verde”