O FANTÁSTICO MUNDO DE CHUCK

5.7.07

Coluna do Devaneio - A Insustentável Leveza do Dinheiro

Puxo pela memória. Uma cervejinha aqui. Uma festinha acolá. Um jantarzinho com local, comida e companhia agradáveis. Uma mera continha do colégio do menino. A pensão devida com a maior má vontade para a que provou geneticamente ser a mãe do menino. O salário caseiro da casa de campo que eu já nem lembro onde fica...

Por mais que eu me esforce. Por mais que eu relembre. Não consigo identificar que rumo toma meu dinheiro. E olha que, racionalmente, arrisco-me a dizer que não é pouco dinheiro. Ainda assim, não sobra quase nada, quando não falta e o cheque especial (especial para o banco, certamente) tem que agir.

Lembro de um amigo, advogado baixinho e parecido com o boneco assassino, descrevendo sua primeira crise financeira. Dizia estar com vinte e poucos anos, recém-formado e ganhando um fixo mensal que, de início, ele achava impossível gastar mais que dois terços.

Em poucos meses, havia ultrapassado o considerável limite do cheque especial e, após pagar por duas vezes o valor mínimo, a fatura do seu cartão de crédito possuía até presas e olhos avermelhados.

Sem vergonha do passado superado, ele admitia ter recorrido ao colo (e ao bolso) da mamãe. Esta ajudou, cobrando pela dívida e mandando ele se virá em boa parte. Até aí, não passa de uma história de sujeito bem falante quando bebe. O que me marcou foi o trecho em que a mãe do meu amigo perguntou: “Como você conseguiu gastar tanto?” E a marcante resposta dele: “Eu queria dizer que foi com drogas, que foi com bebida e, pelos deuses, queria dizer que foi com mulheres. Mas eu realmente não sei”.

Esta é a grande verdade, eu não sei. Com quase quarenta anos, eu não sei.

E não me venham com o velho papo de que basta fazer um orçamento, identificar os ralos e organizar as despesas. Todo mundo se torna administrador financeiro digno de presidir o Banco Central quando o problema de dinheiro é dos outros. Mas, com exceção de uns poucos amigos, eu desconheço quem não tenha o controle de despesas ditado por qualquer ferramenta que não a necessidade.

Necessidade em sentido amplo, claro. Desde o imprescindível, passando pelo responsável, e chegando ao custeio de alguns pecados capitais. Não se enganem, meus caros esquenta banco de igreja, todo mundo paga por algum pecado capital. E, se não paga, é porque incorre em avareza.
Dinheiro.

Ah, dinheiro. Um dia, terei uma percepção exata sobre o que faço para não sentir falta de dinheiro e deixar que ele só cresça em investimentos. Nesse dia, por favor, chequem meu pulso.

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