- Oi, minha linda. - Coisa mais possessiva. - Que? - Esse teu “minha linda”. Nem meu pai diz que eu sou dele e você vem se achando meu dono. - Mas é só um tratamento carinhoso. - Pode ser pra você. Todas as minhas amigas notam que você só me cumprimenta assim. “E você tem dono?” – elas perguntam. “Ele te adestrou direitinho?” - acrescentam. Não ri, não, que eu estou falando muito do sério. - Muito sério. - Que? - “Muito do sério” seria se você estivesse falando do sério e não de forma séria... - Pronto. Elas bem estão certas. Você só quer me corrigir, mandar em mim. - Mas meu anjo. - Taí. Por quê você não me trata assim em público? Bem melhor. “Meu anjo”. Carinhoso e sem aquele negócio de posse. - Como não? Começa com “meu”... - Aha! Então, admite que você se acha meu dono, o Senhor da minha existência? - Não. Eu te vejo como uma beleza que me escolheu. Como um anjo que em minha alma tocou. Minha luz guia. Tal qual o aluno que se refere ao mestre como seu. Por ti eu só existo. Não respondo, não discuto porque sei que eis minha Dona. - Tá bom. Pode parar. Está perdoado. Mas temos que falar de outra coisa agora... - O que? - É que minhas amigas dizem que você é do tipo breguinha. E eu não quero ser conhecida como a que tem o namorado grudento e chato...