- Espera aí. Ela está olhando pra você? - Quem? - ELA. - Tá doido? Imagina se uma recém capa da Playboy ficaria olhando para mim. - Acho isto mais absurdo do que você. Afinal, sou eu quem está olhando pra sua cara... - EEII. - Sem ofensa, mas convenhamos. Sua cara tinha que estar maquiada de Bozo para isto fazer sentido. Mas o fato é que ela está olhando fixo para a sua direção. - Humf. Eu não sou tão feio assim. Um pouco exótico, talvez. Afinal, sou meio japa e tenho um pouco de árabe e de sueco, se não me engano... Huumm, começo a achar que você está certo. Não há outra coisa e nem pessoa nesta direção. Ela só pode estar olhando pra mim. Mas por que? Deve estar me confundindo com alguém famoso ou influente... - Usa isto. - Como assim? - Vai lá, apresenta-se, fala como se a conhecesse. Descobre com quem ela está te confundindo e finge ser a própria pessoa. - Por quê eu vejo pequenas chances de este plano não funcionar? - Deixa de pessimismo. Lembra daquele nosso amigo que diz que todo homem agarra, de cinco em cinco anos, uma mulher digna de ser capa de Playboy? - Só que a morena ali é uma efetiva capa da Playboy. - E daí? A diferença entre ela e uma potencial capa é só que esta última não conseguiu chegar ao Big Brother. No mais, o que é que você tem a perder? - Eu odeio o Big Brother... - Foco, homem. Como é que é? Vai lá conferir ou vai ficar na dúvida pelo resto da vida? - Quer saber? Eu vou. Eu sou homem, não sou um rato. Está na hora de separar o homem do menino, o morcego do passarinho, o milho da espiga. E levar fora num dói... Além do que, eu... - LEVANTA DA CADEIRA E VAI, diabo.
Engole seco e vai.
- Oi. - Olá. - Não me leve a mal, mas notei que você estava olhando pra mim e... - Estava, não. Estou. - É, pois é, né? Mas agora eu estou na sua frente e te obrigo a olhar... Quero dizer, bem,... fiquei curioso, pois realmente creio que nós já fomos apresentados, mas não lembro onde. E aí resolvi te cumprimentar e tentar lembrar de onde nos conhecemos. - Lembrou? - Ainda não tenho certeza. - Que pena. - Por quê? - Sinal que você realmente estava bêbado naquele dia. Se é que foi só bebida. Achei tão segura a forma sem culpa como você assumiu a broxada. Fiquei tão tranqüila que o problema não era comigo. Pensei que tinha encontrado um que não se intimidava... - Mas eu nunca broxei em toda a... - Esquece! Nem precisa começar com o discurso negativo clássico de macho infalível. Eu vi. Eu estava lá. Mas tudo bem. Comigo é sempre assim. Ou são bichas famosas querendo passar por homem, ou só me querem como um troféu, ou são assim, como você. - Mas... - Tchau, Pedro. - Mas este É o meu nome. - Eu sei. Eu lembro. Mas agora não lembrarei mais. Tchau. - Mas quando, como, por quê, em que momento de colisão galáctica? – Pensando bem, deixa ir. Melhor nem lembrar. Mas agora estava convencido de uma coisa. Não era feio. Era exótico.