O FANTÁSTICO MUNDO DE CHUCK

16.12.04

Coluna do Devaneio

“Eu te amo”. Meu Deus. Que frase forte. Não. Talvez, isto a deixe assustada. Não é nem o caso de meninazinha que eu diria aquela frase só para chegar à última casa. Eu realmente gosto dela. Quando existe sentimento, fica complicado dizer aquela frase.

Melhor não ser tão explícito. Está certo que já temos uma história de mais ou menos um ano. Namoro oficial só existe há exatos seis meses. Mas o romance começou já faz um ano. Dia 23 de julho. Será que ela lembra desta data? Nunca perguntei. Talvez fosse este um bom assunto para o jantar de seis meses de namoro. Deixaria aquela idéia emocionalmente depravada do “eu te amo” por uma idéia mais do tipo que mostra consideração e zelo pela relação. Puxaria assunto: “Você lembra quando a nossa história começou? Naquele dia em que nós...”

Não era bem um começo de história romântico. O que era implicância entre publicitários da mesma equipe evoluiu para cortesia. Pulou para atração. Surgiu o sexo acidental. Pintou um certo incômodo. Incômodo que foi superado pela amizade. Consolidou-se o sexo por diversão. Surgiu cumplicidade. Virou namoro.

E lá vamos nós para os seis meses. Já tivemos jantares românticos, mas este parece ter um significado maior. Notei-a ansiosa. Sinto-me ansioso. Não me pergunta o motivo. Só sei que preciso de algo que marque o evento. Pensei em anel de compromisso, mas ela acha isto cafona. Por mais que concorde com tal opinião, eu preferia desconhecê-la. Um anelzinho seria dado. Seu cafona significado seria suprimido em pró do registro de um marco no nosso relacionamento.

Volto ao “eu te amo”. Afinal, não é isto que eu sinto? Por qua não dizer? Mas e se ela não disser o mesmo? Vai que ela manda um “Obrigado”, ou um “Eu também gosto muito de você”, ou “Você viu o último episódio de 24 Horas?”.

Ok. Dizer “Eu te amo” é pesado e arriscado. Fica para o jantar de um ano. Hoje, só farei rodeios que indicarão o que eu sinto. Direi o quanto ela é especial, o quanto tem sido bom. Entregarei o presente (um belo par de brincos). Farei do jeito que ela gosta, ainda que tenha que suportar aquela câimbra no braço esquerdo. Dormirei abraçadinho. Só não vi ainda uma forma de marcar o momento. Talvez se eu apenas fingir que durmo, ficando a noite inteira sem roncar.

Chegou o prédio dela. Para o carro. Respira fundo. Isto... Devagar. Torce o pescoço. Estalou? Bom. A estratégia não está montada. Mas uma coisa é certa: não dizer “eu te amo”. Deixa fluir que você pensará em algo marcante para fazer.

Campainha. Ela abre a porta. Linda. Desconcertante. Caio de joelhos e: “- Quer casar comigo?” Merda, devia ter comprado o anel.

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