Coluna do Devaneio

A televisão está ligada.
O controle remoto está deitado ao lado, ao alcance da mão.
Basta um dedo para passar os canais. Já o deixa descansado sobre o botão.
Os canais vão passando, mas nada é capaz de prender a atenção da metade acordada do cérebro.
Como uma baleia, a outra metade descansa. Não um descanso de sono.
Mas um descanso de pensamentos desordenados, desnecessários, despropositais.

A incompetência da televisão, obriga-o a esticar um braço e pegar um dos quadrinhos que estão espalhados pelo chão. “Mas este eu já li. Cadê o próximo número? Deve estar no armário. Humm... Vou ler de novo este aqui.”

Um sono leve. Algum sonho estranho, pois dormiu com a barriga cheia de pizza e Coca. Volta do sono e aquela metade do cérebro que brincava em desordem resolve ser a voz da consciência e suscita coisas que você poderia fazer naquele resto de tarde. Praia. Cinema. Estudar. Ligar para uns amigos e ir para um bar. Só a última idéia é encarada com alguma seriedade, mas o telefone está a uns duzentos quilômetros de distância.

Um filme “novo”. Um cara da pesada vai aprontar todas, deixando o diretor da escola maluco. A sessão da tarde vai ser clássica. Acha que vai ficar doente amanhã. Não é mentira, considerando que o jantar será sorvete de flocos com coca-cola. De sobremesa, o resta da pizza.

Você fica lá, imóvel no sofá. Não há razão concreta para isto. Melhor, não há utilidade.
E é isto que torna mais prazeroso o ficar lá.
Salve o nobre pecado da preguiça.

Palavras de Giuliano "Chuck", às 09:59h.