Mangueira – alguns detalhes que dependiam de tempo para serem escritos.
O ambiente e quebra de um tabu
Os ensaios ocorrem no sábado e são realizados na quadra da Mangueira que fica na favela de igual nome. A comunidade respeita o evento e você não ver uma confusão. Também. Dizem que playboy da Zona Sul que se mete a criar caso está lascado. Vai apanhar muito (do lado de fora, para não estragar a festa) de um pelotão de arrastão, no mínimo. Os chefões do tráfico estão lá. Apenas, estão tranqüilos.
Este cenário pintado no parágrafo anterior pode aparentar que é uma loucura ir para lá. Não é. Se você é do tipo que cria caso por nada, ou que faz merda que pode resultar em confusão, apenas tem que se conter. É evento pacífico. Um dos mais tranqüilos que eu vi em muitos anos. E justamente nessa paz mantida pela força, depois de milênios, alguém resolve me chamar para brigar.
É extremamente raro que alguém queira brigar comigo. Primeiro, porque não represento desafio para os brigões de plantão. Segundo, eu sou pacífico. Se a ofensa foi comigo, sou frouxo mesmo. Só me esquento pelos outros (família ou amigo) e, ainda assim, é raro.
Por isto, causou-me surpresa que, depois de anos que a oitava série se foi (foi a última vez que alguém cismou comigo), um tipo lutador de jiu-jitsu baixinho (pouco maior do que eu) e entroncado (bem mais forte do que eu) quebre esse tabu. O motivo: olhei para a namorada dele. Olhei mesmo. Não nego. A questão é que não vi que ela estava acompanhada.
A menina vem andando no meio da multidão. Uma gatinha e parecia que vinha sozinha. Dei uma encarada. Imediatamente, percebo que tem um cara meio afastado, mas segurando a mão dela. Desvio o olhar. Pode ser namorado e eu respeito isto. Só que o cara já afasta a mulher, aproxima o rosto de mim e manda um “Qual foi?”. Pensei: “Cadê o Delano?” O Kiwi não briga porra nenhuma, mas é esquentado e tem algum tamanho.
Felizmente, nem houve tempo de responder e dizer, com toda a raiva e cara de mal que me caracterizam, um choroso “foi mal”. Enquanto, eu me fazia de desentendido, a menina puxou o namoradinho e ele saiu sem fazer alarde. Ufa. Mas um tabu está quebrado. Só falta agora eu brigar e, pior, apanhar. Esta última situação nunca ocorreu e rezo para que nunca ocorra.
Celebridades e o Show de Calouros
E foi-se o tempo em que parecia que eu não moro no Rio de Janeiro. Depois de ter sido assaltado (os óculos) já passei a encontrar as celebridades com mais freqüência. Já bebi no mesmo balcão de bar que o Bi Ribeiro, baixista dos Paralamas, logo após ter assistido a um show com os caras. Já vi a Luana Piovani, também bebendo em um barzinho da moda (no Baixo Gávea, Gabriel) e, sim, ela é tudo aquilo. Vi a gostosa da Dani Bananinha dançando do meu lado.
Dentre tantos outros encontros, por fama e exoticidade (acabo de inventar) os que vi da Mangueira não ficam atrás.
Na primeira vez que fui, Chico Buarque e Beth Carvalho. Conheço pouco dos trabalhos dos dois. Mas lembro que ele tem letras geniais e ela uma voz ótima.
Na segunda vez, a lenda, o mito. Uma das principais atrações do antológico Show de Calouros: Elke Maravilha. No meio da galera, juntamente com o cabeleireiro Jaça, aquele que é o responsável pelo mito (ou verdade) sobre as perucas do Silvio Santos. Alguns detalhes, a Elke é baixa. Estava com um salto quarenta e era a linha da cabeça pouco passava da minha altura. Em compensação, o cabelo. Um coque interminável. Vivo. Tão grande e medonho que nem o Topetudo Veras chamaria mais atenção. Só faltava o Pedro de Lara e o Sergio Malando. Meus jurados favoritos estariam presentes (e olha que eu odiava os programas do Silvio Santos)
Em tempo, o imortal Jamelão está sempre lá. Cantando incansavelmente.
Eram estes os detalhes. O resto. Prefiro falar quando encontrá-los. Só para não faltar papo.