ÓDIO

Tem coisas que me deixam efetivamente puto Hoje, estou oficializando uma delas: pedidos urgentes, inevitáveis, em cima da hora e que demandem trabalho. Pode ser em qualquer esfera de convivência: profissional ou pessoal.

No meio familiar, devo tentar conter esse meu ódio. Ele aparenta egoísmo, perante minha mãe e minha irmã, e talvez seja um puco. Normalmente é manifestado quando me pedem para pegar, deixar, buscar, fazer, etc. Coisas que, normalmente, eu me disporia a fazer a título de favor, mas que me irrita quando pedida, pois não estava nos meus planos. Sejam lá quais forem eles, mesmo que seja o bom e velho “não fazer nada”.

Hoje, neste exato minuto, estou vivenciando a mesma sensação de ódio. E é no meio em que sou conhecido por me dedicar feito um insano: o trabalho.

No começo da semana, cogita que eu faça determinada audiência na segunda-feira, em Governador Valadres - MG. “Sem problema, só precisamos organizar os vários prazos que tenho para segunda-feira (nove, sendo dois complexos e um chato) e definir quem fará as duas audiências que estão designadas para o mesmo dia aqui no Rio.”. Após poderar um pouco: “Melhor que eu faça. Conheço melhor o caso.”

Hoje: “Chuc, fudeu. O … (algum sócio graúdo e com moral) determinou que eu faça …” –Ele continua falando o problema que, sinceridade, pouco me importa. Não estou envolvido. O resultado é que, como o outro advogado daquele caso, sobra pra mim fazer a audiência em Governador Valadares. Mas não é só. Também terei que me virar para deixar tudo pronto para segunda. Prazos feitos e advogada orientada para as audiências. E, como cereja desse sorvete de desgraça, ainda vem um cliente pedir um relatório urgente para, adivinhem, não, não se precipitem: segunda-feira.

Sei que não é por sacanagem que me pedem. Sei que faz parte. Mas não consigo não transpirar ódio.

E ainda tem gente que diz que, se ganhasse um prêmio acumulado da Mega-Sena, continuaria trabalhando. Se eu tivesse dezenas de milhões na minha, em uma situação como a ora descrita, eu teria uma crise de riso antes de dizer que lamentava pelo tanto que eles iriam trabalhar e mandar todos, em fila indiana e organizada de acordo com o grau de feiúra, para a puta que…

Palavras de Giuliano "Chuck", às 17:40h.