O FANTÁSTICO MUNDO DE CHUCK

9.10.03

Coluna do Devaneio

Pareço inofensivo. Ofereço segurança. Faço com que elas pensem que ali estou apenas para suprir sua necessidade mais básica.

Elas se aproximam. Um pecado capital faz com cedam ao que posso lhes oferecer. Subitamente, o encanto se desfaz. Estão encurraladas. Vejo o medo estampado nos seus olhos. Sinto falta do afeto dependente e ligeiramente desconfiado do momento anterior. Poderia viver naquele momento. Mas a voz autoritária insiste que não.

Tentam fugir. Correm em desespero, no pouco espaço que ainda lhes permiti. Penso em fraquejar. Deixar que a vítima escape. Não adiantaria. Seria obrigado a seduzir outra.

Agarro. Ponho as mãos homicidas em seus corpo. Frustro um sonho de fuga. Seguro firme na primeira parte que consigo alcançar. Arrasto-as para uma área coberta. Os berros já estão mais contidos. O temor parece ter sido superado pelo conformismo.

Estamos escondidos dos olhos. As outras não podem ver o desfecho, ou o fim dos meus encantos será descoberto. Isolados. Imobilizo o corpo com um dos braços. Envolvo o pescoço com a mão do outro. Engulo seco, aperto e torço. Ouço o quebrar. Os olhos vivos de desespero estão para sempre semi-cerrados. Devo despi-la. Privá-la de sua beleza coberta e oferecê-la ao preparo.

- Obrigada, filho. Meio-dia, o almoço estará pronto.
- Tá, mãe.

Saio desolado.

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