O FANTÁSTICO MUNDO DE CHUCK

12.6.03

DIA DOS NAMORADOS E UM DESENTERRANDO DE LEVE

Puxa vida, como eu invejo aqueles que namoram na presente data. Deixar-se levar pela irracionalidade comercial da data e sair do trabalho aos atropelos para comprar o presente. Mesmo com anos e anos de namoro (até de casamento), sentir a necessidade de tratar o dia de hoje como um de maior importância, ainda que não diga nada da história dos dois.

As filas intermináveis para ingressar em um bom restaurante. A comida que demora horas para ser servida, vem naquela quantidadezinhazinha dos restaurantes finos, com um molho que parece um escarro (quem mando ser bruto com o garçom). A conta que demora para vir e, quando vem, você se pergunta se estava em um rodízio de frutos do mar. Não. Foi só um pedaço de marreco, com uma colher (de chá) de arroz e alguns pequenos vegetais como enfeites comestíveis.


Depois vem a fila para o motel. O romantismo exige uma suíte cara, ou exótica. Mas por quê diabos todos sentem essa exigência? Só somos nós que nos amamos tanto assim. Este dia deveria ser só nosso. Mas não é. Há centenas de casais querendo compartilhar daquele momento de sentimentalismo uníssono.

Pura e fria inveja. Pobre de mim que terei de me contentar com encarar algum local propício à condição de solteiro e que hoje estará apinhado de mulheres nesta condição. Fragilizadas ou empolgadas pela solteirice. Dispostas a afogar as mágoas ou se libertarem com os solteiros. Há poucas chances de briga (não vai ter casal, para alguém mexer com a dama e brigar com o cavalheiro) e muitas de diversão. Diversão descompromissada, pois é só uma noite de quinta em que se resolveu sair. Quanta insensibilidade.

Mas antes de encarar meu sofrimento, queria dedicar uma musiquinha para os meus amigos enamorados:

“Todo dia num mar do farol
Vejo você num banho de Sol
Numa mistura linda
Raio de luz que brilha em meus olhos
Dia dos namorados
Nós dois abraçados a sós...”

Nada mais romântico do que a poesia de Olavo Bilac (e o Emerson se contorce na sua anomia).

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