Não sou nenhum mestre na conquista. Falta-me atributos físicos de deuses gregos e coragem. Sim, sou frouxo mesmo. Tímido seria o mais apropriado, mas prefiro o tratamento mais pejorativo.
Mas eis que, às vésperas de zarpar para uma corrida de kart, comecei a lembrar o melhor fora que já me foi dado. Em uma das poucas vezes em que tomei coragem e cheguei, a menina correspondeu ao papo inicial básico. Isto não queria dizer nada, pois o papo foi dos mais educados e pouco objetivos. A questão é que já tinha bebido algumas, poucas ainda (talvez este fosse o problema). Após saber nome, profissão e outras amenidades, não tinha mais o que dizer. Então, indaguei se ela não estava querendo pular o papo.
Cumpre registrar que, por mais tosca que seja, esta cantada já funcionou várias vezes. Não haveria tempo para se analisar com detalhes os motivos das situações de êxito. A questão atual é apenas sobre o fora e a menina foi brilhantemente cruel em sua resposta: “Boa. Vamos pular para a parte do tchau.” E acenou dando um tchauzinho. Minha única reação foi aplaudir.
Desta linha de pensamento, fui ao outro extremo. Qual teria sido a pior cantada que eu já teria usado e que, ainda assim, funcionou. Por um momento, sou detido por um dilema: cantada boa é a que funciona. Sem dúvida, mas resolvi manter a indagação e tentei me imaginar como um terceiro que a acompanhasse.
Era a virada para o ano de 1999. Para mim, ela tinha o efeito de ser também a virada de 98 para 99, pois esta eu não presenciei. Em uma viagem de última hora para a Pipa, vi-me, após a virada, abandonado, justificadamente, pelos meus compassas: Gustavo e João Paulo.
Ainda semi-bêbado, cheguei para uma menina bem bonitinha e falei sem pensar: “Oi. Você gostaria de ser o meu primeiro beijo deste ano?” E não é que ela topou?
E você? Qual foi o melhor fora que alguém lhe aplicou e qual a sua pior cantada que deu certo?