O FANTÁSTICO MUNDO DE CHUCK

12.3.03

CARNAVAL – O TRAJETO:

E o carnaval? Não falei nada ainda. Pois comecemos falando da ida e da volta. Depois falo de lá (Praia do Rosa) em si.

Sabe aquela fase da vida em que você tem disposição para encarar coisas que a maioria acha loucura? Pois é, fico me perguntando quando vou parar de fazer isto de forma desnecessária. Poderia muito bem ter ido para Santa Catarina de avião, cheguei a fazer reserva. Mas já havia combinado com um pessoal daqui que a gente iria de carro. Como eles não tinham como pagar avião, mantive a palavra e fomos todos de carro os cerca de 1.300 Km. Só impus a seguinte condição: vamos parar para dormir e, em princípio, só eu dirijo.

O trajeto entre São Paulo e Curitiba, em especial, a área serrana, é conhecido pelo intenso número de acidentes, sendo apelidado de “Rodovia da Morte”. Não sei como era no passado, mas, fora o grande tráfego de caminhões exigindo paciência e cautela nas ultrapassagens, ela não faz jus a tal nome. Chega quase a ser uma injustiça com a BR-116 e suas crateras já antes visitadas a pé por amigos bêbados corredores .

O primeiro trecho da viagem é o da Dutra (Rio/São Paulo). Já tinham me falado que a estrada era boa, mas não achei que fosse tanto. Você pode baixar o pé. O detalhe de maior destaque fica para a sinalização de curvas perigosas. Quando surgiu a primeira placa “Curva perigosa a 500m”, comecei a reduzir para chegar na curva entre 80 e 100 Km/h. Mas logo veio outra placa “... a 400m”. Depois uma enorme com detalhes vermelhos dizendo algo do tipo “Estou falando sério. Presta atenção. Tem uma curva perigosa ali na frente. Você vai morrer, se não reduzir”. Daqui a pouco surgem diversos sinais sonoros. Vejo a curva se aproximando e há umas placas como uma espécie de contagem regressiva “5, 4, 3, ...” Na minha mente: “Car... Fu... Esta deve ser a curva mais perigosa do mundo. Devo estar indo para algo como o bico de pato em Iterlagos. Mesmo que reduza 20 Km/h, vamos todos morrer.”

De repente, surge a tenebrosa curva e não é que daria para fazer a 120 Km/h sem nem pressionar os passageiros. A partir daí, foi pesar o pé e não temer muito as placas. Resultado: Rio/São Paulo (cerca de 490 Km/h) em quatro horas.

Na ida pela rodovia da morte encaramos um engarrafamento enorme causado por um acidente. Sou bem chato no que se refere a engarrafamentos. Não pego acostamento e não formo terceira faixa. Fico puto com que faz estas coisas e mais ainda com que fica me pedindo para fazer. Acho errado e pronto.

Agora de Curitiba para Floripa o normal seria fazer em três horas (tempo da volta) ou três horas e meia. Demoramos nove horas. Um engarrafamento gigantesco até Joinvile causado simplesmente pelo absurdo de carros, sem acidentes, sem desabamentos, sem atentados terroristas, sem Fernandinho Beira-Mar, ...

A viagem de ida durou umas vinte horas, com paradas para comer e uma hora e meia para eu dormir. Apesar do sono, não consegui dormir mais que isto. A volta só levou quatorze horas, incluindo paradas para comer e para eu tomar café.

O detalhe da volta também ficou com a Dutra. Após um engarrafamento e uma certa chuva, notei que passaram horas e eu não via um carro ou um ônibus, só caminhão, milhares deles. Comecei a sentir vergonha de ser carro. Parecia que na medida que eu ultrapassava a carreta elas olhavam pra mim, soltavam um sorriso prensado dizendo: “óia macho, um carro” E outra respondia: “Mas não é que é, Scania”.

No geral posso dizer que não nasci para ser caminhoneiro. O total da viagem de volta foram de quatorze horas, parando só para comer, sem dormir. Parei umas três vezes só para tomar café, pois estava com sono. Achei perigoso e não faço mais.

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