BONECO NO CINEMA - Dois bons indicados e um divertido açucarado
No último fim-de-semana resolvi me dedicar ao cinema. A meta era assistir ao maior número de filmes indicados possíveis e o local escolhido para tanto eram as multisalas do UCI. O local fica bem longe da minha casa, mas compensa pela qualidade do cinema, o melhor que já fui.
Adaptação é bastante inovador, misturando realidade e ficção, sem deixar plenamente claro os limites de cada um. Na vida real, o roteirista do filme recebeu, para fins de transformar em filme, o livro escrito por uma jornalista sobre um caçador de orquídeas. Pela idéia que o filme passa sobre esse livro, tal adaptação não resultaria em algo maior do que um filme típico do Supercine de sábado. Mas, ao resolver fazer um filme misturando a história do livro, o qual é baseado em fatos reais, com o, aparentemente fictício, drama da adaptação desta história, o Sr. Kaufman consegue exercitar sua brilhante criatividade.
Não é um filme que agradará a todos. Sem dúvida, é do tipo que causa reações das mais diversas. Alguns acharam sem graça, ou pirado (perdoáveis, pois é questão de gosto). Alguns dirão que é desconexo (desses eu discordo, pois o roteiro é bem costurado). Outros acharão um filme estilo supercine com maior criatividade. Pode, remotamente, ser, mas vale assistir por esta criatividade e pelas atuações, em especial, a de Nicolas Cage.
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Típica sensação de desconforto é quando estou fazendo algo cansativo, necessário, desconfortável e difícil e ainda sei que tenho outra coisa de teor semelhante para fazer depois. Esta era a sensação que eu tinha enquanto assistia a O Pianista. Apresso-me em dizer que isto não foi pelo fato de o filme ser ruim. Muito pelo contrário, o filme é ótimo, mas extremamente inquietante.
Trata-se de mais um retrato sobre as covardias cometidas contra os judeus na 2ª guerra, mas prima por priorizar a humilhação psicológica ao invés do massacre nas câmaras de gás. E não há heroísmos. Ao contrário, você chega a desgostar do protagonista (em interpretação digna da indicação ao Oscar) em momentos em que ele poderia ser julgado um covarde, mas, no fim, é tudo pela sobrevivência. O filme parece dizer: Você não passou por isto, então não diga que faria diferente.
Este filme, creio, agradará a um público mas heterogêneo. Recomendável, todavia, que seja assistido em horário que não seja o último do dia (salvo se você já tiver programa posterior a esta previamente combinado) para que você possa ligar para os amigos depois e sair para se divertir um pouco.
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Por fim, temos Amor a Segunda Vista. Ele é do tipo romance açucarado, mas é dos melhores exemplares do gênero, em especial, por ser engraçado. Gosto do humor inglês, com suas ironias e sadismos, e Mr. Hugh Grant é um dos que melhor sabem exercitá-lo. Sem maiores delongas, o filme é legal e um bom passatempo, ideal para quem gosta de ir ao cinema, também, pela descompromissada diversão e pela pipoca.
Só para esclarecer, sei que Amor a ... não foi indicado para nada, mas queria algo mas leve depois de “O Pianista” e, de qualquer forma, não consegui ingresso para Gangues de Nova York.