Não é raro nos depararmos com situações em que pessoas que têm bastante dinheiro não são felizes. São inúmeras histórias de celebridades amarguradas e milionários frustrados. Diante destas histórias, sempre tem alguém que gosta de repetir a velha frase “Dinheiro não traz felicidade”. Ocorre que esta frase, apesar de traduzir uma verdade, possui um significado torto. É que ela normalmente é utilizada como forma de conter a ambição, ou como se pretendesse atribuir ao dinheiro a responsabilidade pela infelicidade das personagens daquelas histórias tristes.
O estado de felicidade é algo de tamanha subjetividade que maiores desenvolvimentos sobre o mesmo deturpariam o teor deste texto. De forma sucinta, pode-se dizer que “cada um sabe onde, ou quando encontra sua felicidade” (outro jargão e como tal deve ser interpretado com ressalvas). O certo é que há momentos de infelicidade e de felicidade e sobre aqueles pobres ricos com problemas depressivos, não é o dinheiro que lhes causa sofrimento, mas sim as circunstâncias em que se encontram a vida intima e/ou social dos mesmos.
Alguém talvez tente argumentar que pessoas famosas muitas vezes tem sua vida pessoal prejudicada, pois se tornaram visadas pelo dinheiro e temem a violência e o assédio dos fãs. Isto é verdade, só que não decorre do dinheiro, mas sim da fama e principalmente do tipo de vida escolhido pela própria pessoa. Você realmente sente pena daqueles mega-stars que se lamentam por não poderem fazer comprar em paz, sem gritinhos histéricos ao redor e um batalhão de seguranças como barreira? Desculpe minha insensibilidade, mas eu não sinto.
Ninguém ingressa na vida artística ou fica rico sem querer e, como todo caminho que se escolhe na vida, você terá de fazer concessões em troca dos benefícios almejados. Estas pessoas alcançaram, ou estão alcançando o por elas pretendido. Isto deveria causar-lhes felicidade. Mas, como nada é perfeito também causa alguns incomodos. Mas e se elas estiverem infelizes e insatisfeitas com o que conquistaram? Então talvez seja o caso de repensar o caminho escolhido.
Aos que ainda insistem em defender que dinheiro prejudica a felicidade, proponho uma pesquisa: caminhem por uma favela. Não estou falando de favela em sua acepção cada vez mais abrangente, onde você já encontra pessoas que tem um padrão de vida semelhante a denominada classe média (um dos conceitos mais abstratos que eu conheço), mas no sentido do organismo social mais miserável que se possa encontrar.
Veja a fome, as condições precárias de moradia, a falta de assistência médica. Depois me diga se o dinheiro traria infelicidade para essas pessoas. Esclareço que não estou defendendo que se entregue dinheiro, pois acho que se deve dar os meios para ganhá-lo. Apenas propus um raciocínio.
Antes que os bons samaritanos e os seguidores de São Francisco de Assis (não sou católico, mas gosto da história deste santo) me apedrejem dizendo que meus objetivos estão deturpados e que eu só penso em dinheiro, esclareço que vejo o dinheiro como uma possível consequência concretização de objetivos e como uma inegável necessidade. Só queria que o jargão em questão parasse de ser repetido como o eco de uma frase que, quando foi criada, pretendia apenas deixar os pobres conformados.