Esta pretende ser uma nova coluna habitual desse espaço internético, ao lado da já consolidada “Desenterrando”.
Sua meta é bem simples. Escolher personagens, mitos, estórias inteiras, ou trechos dessas, que permearam a experiência chamada de infância e criticá-los, ironizá-los, ou, pelo menos, lembrá-los.
Os escolhidos de hoje são os Smurfs. Quem tem, maios ou menos, a minha idade dificilmente não se lembra desses pequeninos azulados, bem como do vilão Gargamel e do seu bichano Cruel.
Na época, eu gostava desse desenho. Aliás, difícil era desenho que eu não gostasse. Um dos poucos que sempre cativou meu ódio era Ursinhos Carinhosos, mas isto é assunto para outra seção.
Bom, vamos à seção de desmistificação.
Primeiro, como é que os Smurfs se reproduziam? Antes que você, apressado e desmemoriado, diga que eram todos filhos da Sumerfete, lembro que essa não é um Smurf genuíno. Na verdade, ela foi criada pelo Gargamel em um plano maligno de usá-la para seduzir os Smurfs e trazê-los para a mesa de jantar do vilão. No final, ela se arrependeu, salvou os colegas azulados e passou a morar com eles.
O detalhe é que, depois disso, ninguém mais parecia está preocupado em azarar a Smurfete. Parecia que ela só era mais um deles, só que de cabelos longos e louros.
Agora o Gargamel era um cara muito seboso. Imagine-se que, andando em uma floresta, você descobre a existência de uma raça de seres azuis, que vivem em cogumelos, são esquisitos e sujos. O que você pensaria? Com certeza, não seria: “Hum... Vou comer esse bicho”. Pois era isto que aquele mago doente pensava.
Ou era isto, ou era a idéia de transformá-los em ouro. Este devaneio alquimista é, pelo menos, só ganancioso.
Mas calma, ainda temos que falar do Papai Smurf. Essa figura aparentava ter o triplo da idade dos seus companheiros, os quais, por sua vez, pareciam ter todos a mesma idade. Todavia, era o mais forte, inteligente, rápido e heróico dos Smurfs.
Agora, admitamos que a alcunha do mesmo tivesse o significado literal e que, em algum momento, existiu uma Mamãe Smurf. Essa, com certeza, faleceu ao parir trezentas coisinhas azuis ao mesmo tempo.
E quando o Cruel atacava a vila Smurf? Cada um dos trezentos Smurfs (a maioria coadjuvantes que poderia morrer sem prejudicar a trama) corria em uma direção diferente, inclusive na direção do próprio gato. Ainda assim, o estúpido felino não conseguia devorar um bichinho.
Outra coisa, onde o Eugênio conseguia tantos óculos? Em todos os episódios, ele era arremessado e caia de cabeça para baixo e com os óculos quebrados.
E aquele que vivia se olhando no espelho? Acho que o nome era Vaidoso. Ele devia andar de ré, ou então viver esbarrando nas coisas. Além disto, o cara era igual aos outros, ou seja, não tinha porque se achar bonito. Era pura feminilidade ressentida (viadagem). Talvez essa seja a resposta para a reprodução dos Smurfs, mas não quero desenvolver este raciocínio
Era isto. Não lembro de mais nada para falar desse desenho. Fica meu convite para quem quiser defendê-lo, ou, de preferência, jogar suas pedras.