“Eu vou contar pra todos
A história de um rapaz
Que tinha há muito tempo
A fama de ser mau
Seu nome era temido
Sabia atirar bem
Seu gênio violento
Jamais gostou de alguém
E ninguém jamais o desafiou
(não sei o que mais lá, pã, pã, pã)
Mas eis que numa tarde
Alguém apareceu
Com ele quis lutar
E o mundo até tremeu
Marcaram um (duelo, acho)
Antes do por do Sol
E todos já sabiam que um ia morrer
Neste dia porém
O homem mau tremeu
Ele entrou no bar e no bar bebeu
(pãpãpãpã)
...
O homem mau...morreu.”
Esta é uma música do Roberto Carlos, chamada “Homem Mau”. Estava lendo a Veja e vi que a Marlene Matos está tentando convencer que “Jovens Tardes” (Vanessa Camargo, KLB e o resto. Alguém assistiu? Eu não.) seja o especial de fim-de-ano. A própria Veja dizia que seria melhor o habitual Roberto Carlos. No primeiro momento, pensei: “égua, não sei qual o pior”.
Mas depois, refletindo melhor, afastei aquele velho preconceito de adolescente. Quando era criança não tinha nada contra o Rei. Ao contrário, eu era fã da música acima transcrita. Não lembro a letra toda, mas resolvi escrever como lembrava. Com certeza, minha mãe lembra, pois era ela quem cantava para mim.
Na adolescência, desenvolvi um abuso injustificado contra o RC. Mas hoje, tenho que reconhecer, eles fez grandes músicas
Está certo que o Roberto Carlos fez algumas coisas bem ridículas nos últimos anos. Exemplos:
“ai, ai, ai
ai essa voz doce e serena
essa coisa delicada
coisa de mulher pequena”
“coisa bonita
coisa gostosa
quem foi que disse que tem que ser magra pra ser gostosa”
“Amazônia, insônia, do mundo”
“Mulher de quarenta, eu quero ser o seu namorado”
Agora não se pode negar várias obras primas dele. Para mim, a amais bela seria “Detalhes”. Esta alcançou o patamar de música imortal e não pode ser considerada uma desenterrada. Há vários outras boas músicas antigas. Exemplos: “Emoções”, “Jesus Cristo”, “Amor Perfeito”(hoje insistentemente tocada pelo Chiclete), várias tocadas pelo Diamante Cor de Rosa.
Sem dúvida, o Roberto Carlos está longe de ser meu cantor favorito. Mas, pelo que ele representou para a geração dos nossos pais, pela influência sobre várias bandas e cantores, pelo volume de discos vendidos, pela carreira imensa e ainda com sucessos (por mais que alguns, eu odeie), por algumas excelentes composições, pelo movimento que ele inaugurou, o qual rendeu o que tinha que render e já passou, acho compreensível e justo que ele seja chamado de Rei.